quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Insegurança alimentar

“La inseguridad de la “seguridad alimentaria”, descolonizar el “desarrollo” como meta universal para construir  ‘sostenibilidad alimentaria’ en América Latina”
 José de Souza Silva/Pesquisador da Embrapa

Falar em Desenvolvimento Sustentável é falar no paradigma do mundo atual. A palavra desenvolvimento, que antes era sinônimo de progresso e crescimento, hoje passa a ter outro enfoque, o da sustentabilidade. 
Entretanto, é importante ressaltar que há anos tomamos como base para o desenvolvimento somente os aspectos econômicos o que acarretou extrema competitividade e desgaste dos recursos naturais pelo atual modelo para a agricultura. E nesse sentido o mercado tomou um rumo extremamente individualista e transformou a racionalidade das pessoas e como ressalta Bourdieu (2008): “los vínculos reducidos a su dimensión puramente ‘económica’ son concebidos como vínculos de guerra, que sólo pueden entablarse entre extraños. El lugar por excelencia de la guerra económica es el mercado...”.
Por isso é importante falar de desenvolvimento e questionar o modelo vigente cheio de contradições mas contradições que são só aparentes. Se não vejamos o que diz José de Souza Silva, pesquisador da Embrapa, “A humanidade foi recentemente surpreendida por uma crise alimentar num mundo onde prevalece a abundância. Estudos recentes confirmam que o alimento produzido globalmente é o dobro da necessidade mundial. Não foi a escassez de alimentos a causa da suposta crise alimentar, mas as contradições do sistema agrícola e alimentar que remete a uma ordem institucional corporativa que organiza o sistema alimentar para o lucro de empresas transnacionais que controlam o sistema e não para alimentar a população mundial”.  
Conforme pesquisa da FAO, hoje existem cerca de 800 milhões de pessoas no mundo em situação de extrema pobreza. A população vive em meio a uma insegurança alimentar. A FAO estima que o número de pessoas subnutridas no mundo caiu de 1,02 bilhões em 2009 para 925 milhões em 2010. A nova estimativa indica uma reversão na tendência de aumento da fome verificada nos últimos 15 anos. No entanto, não podemos nos esquecer que, em 1990-1992, a população subnutrida no mundo era de 843 milhões, ou seja, 82 milhões a menos que o estimado para 2010.
Mas, se a produção de alimentos dobrou no mundo, então porque 800 milhões de pessoas continuam passando fome? Na América Latina é particularmente preocupante a evolução da subnutrição nos países centro-americanos. Nesta sub-região, o número de pessoas subnutridas, longe de diminuir, continua aumentando.
Entre 8 e 12% da população da América Latina é indígena. Desses 80% são discriminados e vivem abaixo da linha da pobreza, são os povos mais vulneráveis da região.
A América Latina tem características geográficas e características climáticas, que favorecem a diversidade de produtos. E isso, obviamente, significaria uma alimentação muito rica e saudável. Entretanto, desde a colonização novos costumes e hábitos foram introduzidos entre os povos indígenas. O trigo foi trazido pelos espanhóis há 500 anos e substituiu, lamentavelmente, muitos dos produtos energéticos que os povos originários conheciam.
No equador, na cidade de Chimboraza, 94% da população é indígena. Nesta região é onde mais tem se concentrado a exclusão, a pobreza, a desnutrição e a fome. Falamos de uma média de desnutrição de 26%, mas, em relação às comunidades rurais e comunidades indígenas, encontramos dados que, em alguns casos, chegam a 40%. As crianças começam a se envolver no sistema de trabalho a partir dos seis(6) ou sete(7) anos para constituir um apoio econômico para as famílias.
Não bastasse isso, em 3 anos a base alimentar de milhões de pessoas na América Latina e Caribe ficou 60% mais cara. Aproximadamente 70% da humanidade se alimenta de milho, arroz e trigo. De 2006 a agosto de 2008, esses cereais subiram 97%.
Segundo a FAO (Fundos das Nações Unidas para a Agricultura), a América Latina e Caribe têm sido a região do planeta mais afetada no aumento de preços dos alimentos depois da África.
Finalmente é importante observar que neste cenário prevalece a busca frenética pela eficiência produtiva da agricultura reduzida a uma máquina de produzir alimentos, fibras e energia. Este mundo condicionado por decisões científico-técnicas é o domínio de engenheiros e outros especialistas indiferentes ao humano, ao social, ao cultural, ao ecológico e ao ético, tendo como causa a sua formação condicionada pelo paradigma clássico de inovação da ciência moderna. Estes especialistas entendem que seu mandato profissional se resume a “produzir mais alimentos” sem preocupação com a forma de produzir nem com o destino dos alimentos e menos ainda com as questões de sua distribuição e acesso. Seu imaginário técnico está condicionado pelo significado quantitativo do conceito de “segurança alimentar”, sem compromisso com a história nem como o contexto, constitutivos da natureza e dinâmica do ciclo de sustentabilidade alimentar em diferentes sociedades. A fome é um problema social que resulta da forma de organização social da produção e distribuição de alimentos.
  
SIDNEI DE PAULA CORRAL
Secretário de Relações Internacionais para as Américas

Fonte:
BOURDIEU, Pierre. La Fabricación Del Habitus Econômico. Revista Latinoamericana de ciências sociales: La vida Social de La economia: Critica en desarrollo. Parana, Argentina, 2008, 2ed.
Engenheiro Agrônomo, mestre em Sociologia da Agricultura e Ph.D. em Sociologia da Ciência e la Tecnologia. Foi o criador e Gerente da Secretaria de Gestão e Estrategia (SGE) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Atualmente é Pesquisador da EMBRAPA para as relações  ciência-tecnologia-sociedade-inovação (CTSI) e Consultor do Projecto PALMA em Cuba.  
FAO (2009a). El Estado de la Inseguridad Alimentaria en el Mundo 2009. Rome: FAO.

Trabalhadores fazem protesto contra trabalho escravo na indústria da confecção


A UGT promoveu no dia 26 de agosto, manifestação contra o trabalho escravo, na rua Oscar Freire, região dos Jardins, em São Paulo. Os manifestantes se concentraram na esquina da Rua Oscar Freire com a Rua Augusta, em frente à loja da marca Brooksfield.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, as empresas que teriam usado mão-de-obra análoga à escravidão na sua cadeia produtiva em oficinas de costura terceirizadas são: Ecko, Brooksfield, Tyrol e Zara, Gregory, Billabong, e Cobra D'água.
Segundo o presidente da UGT Nacional, Ricardo Patah, o objetivo da manifestação é conscientizar os consumidores, principalmente de classe alta que frequentam a Oscar Freire, sobre a importância de combater o trabalho escravo.
Trabalho escravo na Zara
A Zara, uma das marcas de roupas do grupo espanhol Inditex, foi denunciada pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) por uso de mão de obra escrava em oficinas de costura "quarteirizadas".
As investigações iniciadas em maio levaram os fiscais a duas casas na periferia de São Paulo, onde 16 bolivianos recebiam R$ 2 por peça produzida. O trabalho era realizado em um ambiente insalubre e sem as condições mínimas de trabalho.

UGT luta pela aprovação da pauta trabalhista no Congresso Nacional

No dia 6 de agosto, a UGT e demais centrais sindicais promoveram ato na Praça Charles Miller em frente ao estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo. As centrais reivindicaram a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário; fim do fator previdenciário; regulamentação da terceirização; e que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e 50% do Fundo Social do Pré-Sal sejam destinados para a educação.
Segundo a Polícia Militar, cerca de 30 mil pessoas participaram da mobilização. Os trabalhadores percorreram a Avenida Paulista até a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no Ibirapuera, Zona Sul. Representando a Secretaria de Relações Internacionais para as Américas, participou Isabel Kausz dos Reis.

Agenda

XI Congresso da PIT CNT
DATA: 06, 07 e 08/10/2011
LOCAL:
Montevidéu (Uruguai)

Seminário da CSA
DATA: 12 a 14/09/2011TEMA: “Capacitação de líderes sindicais para formação profissional (Cinterfor - OIT)”
LOCAL:
Buenos Aires – Argentina

Seminário Internacional da CROC
DATA: 21/10/2011 a 23/10/2011
LOCAL: Cancún (Quintana Roo)

 

Reuniões da Secretaria


UGT em jantar na última sexta-feira (dia 18), com Geraldo Alckmin, Governador de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes . Esteve presente o presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah. Sharan Burrow, Secretária Geral da CSI (Confederação Sindical Internacional), Sidnei de Paula Corral, Secretário Internacional para as Américas da UGT e Cristina Palmieri.



CTCS e CCSCS fecham acordo em Montevidéu

O Secretário Adjunto de Relações Internacionais para as Américas da UGT e representante da CTCS - Conselho de Trabalhadores do Cone Sul (CTCS), Cícero Pereira da Silva, juntamente com o Secretário de Políticas Públicas da UGT e secretário-geral da CCSCS- Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, Valdir Vicente, assinaram  (dia 23), documento  que estabelece a fusão dos dois órgãos na sede do PIT CNT em Montevidéu. O objetivo da fusão é avançar na luta pelo fortalecimento da ação sindical no Cone Sul.
A CCSCS, criada em 1986 é um órgão político de coordenação sindical, integrada por 13 centrais sindicais do Cone Sul, Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.  O Conselho de Trabalhadores do Cone Sul, foi criado em 1979 e agrupa centrais sindicais e organizações sociais dos mesmos países. Nos últimos anos os organismos desenvolveram ações políticas unitárias em defesa dos interesses e direitos da classe trabalhadora.

Porto Alegre sediará o Fórum Social Mundial Temático

No dia 15 de agosto (sexta-feira), foi assinado o Protocolo de Intenções entre a Prefeitura de Porto Alegre, as centrais sindicais e organizações sociais, para a realização do Fórum Social Temático, “Justiça Social e Ambiental”, preparatório para a Conferência Rio+20. Na ocasião o Prefeito de Porto Alegre anunciou a decisão ao Comitê Mundial que Porto Alegre sediará as edições temáticas do FSM em todos os anos pares. Esta notícia concretiza um grande esforço da UGT e demais centrais em trazer este importante espaço de debates permanente para o Brasil.
Representando a UGT estiveram presentes Mauro Silva, Adjunto da Secretaria de Direitos Humanos e Cícero Pereira da Silva, Adjunto da Secretaria Internacional das Américas.
Com a participação prevista de aproximadamente 120 mil pessoas, o Fórum Social Mundial (FSM) Temático ocorrerá entre os dias 24 e 29 de janeiro de 2012, em Porto Alegre e Região Metropolitana (Canoas, São Leopoldo, Cachoeirinha, Alvorada, Campo Bom, Novo Hamburgo).
O Fórum terá como temas principais a questão ambiental, modelos de desenvolvimento alternativos, baseados na sustentabilidade, preparando os movimentos sociais internacionais para a conferência Rio + 20, que se realizará  em junho de 2012.

CAMPANHA JOGUE LIMPO - UGT negocia, empreiteiras cedem e termina a greve no Maracanã


Acabou a greve dos operários nas obras de reforma do Maracanã. O acordo aconteceu depois de longa reunião entre membros da direção nacional da UGT, em conjunto com os líderes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Intermunicipal do Rio de Janeiro (Sitraicp), e as empreiteiras do Consórcio Maracanã Rio 2014. Foram mais de sete horas de conversações, que entraram pela noite do domingo e resultaram na proposta aprovada pelos operários na assembléia realizada dia 22 de agosto.
A proposta aceita pelos trabalhadores foi a seguinte: - aumento imediato de 60% no valor da cesta básica, que passa de R$ 100 para R$ 160,00 ; - padrão do plano de saúde dos operários igual ao do plano de saúde dos encarregados; - pagamento integral dos dias parados; - estabilidade de um ano no emprego para os trabalhadores membros da comissão que comandou a greve; - prazo de 90 dias para representantes dos trabalhadores e das empreiteiras seguirem negociando medidas adicionais de segurança do trabalho nas obras, extensão do plano de saúde aos familiares, implantação do adiantamento quinzenal e concessão de novo aumento para a cesta básica.

Secretaria Internacional para as Américas da UGT presente em reunião com Sharan Burrow da CSI

No dia 16 de agosto, a UGT (União Geral dos Trabalhadores) recebeu em sua sede nacional, a secretária geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow. A Secretária criticou os cortes nos investimentos sociais que vêm ocorrendo na Europa e América, e ressaltou aos sindicatos que se a crise chegar aqui, as entidades não podem permitir ataques aos direitos trabalhistas.
Esteve presente na reunião o Presidente da UGT, Ricardo Patah, o Secretário Internacional para as Américas, Sidnei de Paula Corral,  e outras centrais sindicais brasileiras.

Secretaria de Relações Internacionais para as Américas participa da 4a Marcha das Margaridas


Representando a Secretaria de Relações Internacionais para as Américas, Isabel Kausz dos Reis , participou da 4a edição da Marcha das Margaridas, em Brasília. Também esteve presente dirigentes da UGT e mais de 100 mil trabalhadoras do campo que reivindicavam pela reforma agrária, contra o uso de agrotóxicos e por melhorias das condições de trabalho no campo.
A Marcha das Margaridas foi criada em homenagem ao legado de Margarida Maria Alves, dirigente sindical e símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade e justiça. Margarida rompeu com padrões de gênero em sua época ao ocupar, durante 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande (PB), município a 100 quilômetros, a oeste da capital. Ela fundou também o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural e teve a sua trajetória marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. 
Morreu aos 50 anos, em 1983, assassinada por um pistoleiro, que disparou um tiro de escopeta em seu rosto a mando dos usineiros da Paraíba. O crime teve repercussão nacional. Porém, como tantos outros cometidos contra trabalhadores rurais, ficou impune. A Marcha das Margaridas foi criada como forma de dar visibilidade às lutas das mulheres do campo e da floresta e para denunciar a impunidade contra as mortes de trabalhadores rurais.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Comissão de Jovens da CCSCS presente na UGT




No dia 30 de agosto, ocorreu a reunião ordinária da Comissão de Jovens da Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul – CCSCS, na sede da UGT Nacional. Estiveram presentes jovens dirigentes representantes das centrais sindicais que compõem a Coordenadora.

A abertura da reunião contou com a presença do Secretário Geral da CCSCS, Valdir Vicente, que também é Secretário de Políticas Públicas da UGT Brasil. Valdir ressaltou a importância estratégica da Comissão de Jovens apresentarem propostas de Políticas Públicas específicas para jovens do Cone Sul, tendo em vista a UNASUL. Também participou da abertura, o Secretário Técnico da Coordenadora, Héctor Castellanos.

No período da tarde foi realizado o Seminário Internacional “Educação e Trabalho – Desafios para a juventude”. A mesa de abertura do seminário contou com a presença de Rafael Freire, Secretário de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável da Confederação Sindical das Américas – CSA e Ricardo Patah, presidente da UGT Brasil. O encerramento do evento aconteceu  no dia 31 de agosto

Mais informações sobre a Comissão de Jovens da CCSCS podem ser encontradas no site: www.ccscs.org